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Como fazer a análise da dentição mista

A análise da dentição mista é uma forma de predizer o tamanho dos dentes permanentes antes mesmo de sua irrupção na cavidade bucal. No post de hoje vamos entender como realizar a análise da dentição mista e como utilizar esse recurso na prática clínica.

No que consiste a análise da dentição mista?

Cálculo do espaço presente

Cálculo do espaço requerido

Análise da dentição mista na prática clínica

 

No que consiste a análise da dentição mista?

 

A análise da dentição mista consiste no cálculo da discrepância de modelos ainda na dentição mista.
A discrepância de modelos é obtida através da diferença entre o ESPAÇO PRESENTE no arco e o ESPAÇO REQUERIDO para alinhar todos os dentes permanentes no arco.
Ou seja, a análise da dentição mista permite que o profissional estime o tamanho dos dentes permanentes ainda não irrompidos (caninos e Pré-molares) e, a partir dessa estimativa, calcule de forma aproximada se irá sobrar ou faltar espaço no arco.
Esse recurso pode auxiliar muito o profissional em sua conduta terapêutica e evitar tratamentos com aparelhos expansores desnecessários.
Na semana passada fiz um post aqui no Blog também falando sobre esse tema….vale a pena dar uma conferida!
Por que fazer análise da dentição mista?


Você tem segurança no tratamento ortodôntico interceptivo?

Cálculo do espaço presente (E.P.)

 

Bom, o primeiro passo para fazer a análise da dentição mista é calcular o espaço presente (E.P.)  no arco. Ou seja, o espaço disponível para a irrupção dos dentes permanentes.

Medimos esse espaço porque o comprimento do arco considerando a medida linear entre a mesial dos primeiros molares permanentes. O osso alveolar vai sofrer remodelação e pequenas alterações nessa região, já que o crescimento dos maxilares irá ocorrer basicamente na região posterior (túber da maxila e região retromolar).

Para calcular o espaço presente é necessário medir o espaço disponível no arco, independente de apresentar ou não apinhamento ou diastema.

Para medir o espaço presente costumo fazer o uso de um paquímetro manual metálico pequeno. Esse tipo de paquímetro me permite fazer as medidas no modelo ou mesmo em boca de forma simples e rápida.

Confira o paquímetro aqui!!

Vou citar aqui duas maneiras práticas de medir o espaço presente:

  1. 4 segmentos:

Medir espaço presente nos segmentos conforme abaixo:

  • Segmento A: mesial do primeiro molar permanente até a mesial do canino decíduo ou distal do incisivo lateral;
  • Segmento B: mesial do canino decíduo até a linha média;
  • Segmento C: linha média até a mesial do canino decíduo ou distal do incisivo lateral no hemiarco oposto;
  • Segmento D: mesial do canino até a mesial do primeiro molar permanente do hemiarco oposto ao Segmento A.

2. 6 segmentos:

  • Segmento A: mesial do primeiro molar permanente até a mesial do primeiro molar decíduo;
  • Segmento B: mesial do primeiro molar decíduo até a mesial do canino decíduo;
  • Segmento C: mesial do canino decíduo até a linha média;
  • Segmento D: linha média até a mesial do canino decíduo no hemiarco oposto;
  • Segmento E: mesial do canino decíduo até a mesial do primeiro molar decíduo no hemiarco oposto;
  • Segmento F: mesial do primeiro molar decíduo até a mesial do primeiro molar permanente do hemiarco oposto ao Segmento A.

Análise da dentição mista

Pronto, a partir daí temos o cáculo do espaço presente no arco.

Lembre-se: Não considere o apinhamento ao fazer essa medida. É necessário medir o espaço na base alveolar, independente da posição dos dentes.

 

Cálculo do espaço requerido (E.R.)

O espaço requerido (E.R.) consiste no espaço necessário para posicionar todos os dentes permanentes no arco. Entenda que para calcular este espaço é preciso saber o tamanho (mésio-distal) de todos os dentes permanentes anteriores ao primeiro molar permanente.

Como regra geral, realizamos essa análise no período intertransitório da dentição mista. Nessa fase da dentição temos presentes os incisivos e molares permanentes. Portanto, é necessário estimar de alguma forma o tamanho de caninos e pré-molares permanentes, já que esses não estão presentes no arco.

Há alguns meios de predição ou estimativa para encontrar o tamanho aproximado desses dentes.

Podemos usar métodos de predição por meio de radiografias ou por estimativa através de fórmulas ou tabelas que estimam o tamanho desses dentes tendo como base o tamanho dos incisivos permanentes já irrompidos.

Entendo que nenhum desses métodos terá uma precisão de 100%, até porque poderemos ter pequenas modificações na posição dos incisivos e na relação de espaço ao longo do tempo. Portanto, evito usar os métodos de predição que utilizam radiografias ou tomografias computadorizadas. Entendo que não se faz necessário solicitar radiografias com esse propósito, a não ser que a radiografia/tomografia tenha sido solicitada para algum outro propósito clínico.

Além do que, a literatura mostra não traz dados que justifiquem os métodos radiográficos por apresentarem precisão em relação aos métodos de estimativa. Muito pelo contrário, os métodos por estimativa apresentam alta aplicabilidade clínica e amplamente aceitos.

Vou apresentar aqui o método que utilizo no meu dia a dia, o método de Tanaka-Johnston. Apesar do método de Moyers ser amplamente aceito entre ortodontistas, a literatura não traz diferença significativa na precisão entre os dois métodos e eu acabo preferindo o Tanaka-Johnston por ser simples e não precisar de nenhuma tabela de referência.

Método de Tanaka-Johnston

  1. Somatório do tamanho mésio-distal dos 4 incisivos inferiores (II);
  2. Dividir a soma dos 4 incisivos inferiores por 2;
  3. Após dividir, some 10,5 para a análise no arco inferior ou 11 para análise no arco superior;

Pronto, com essa fórmula você terá o tamanho estimado de Caninos e Pré-molares de um hemiarco.

Importante: o somatório será SEMPRE dos incisivos inferiores para aplicar na fórmula, independente se você for calcular a discrepância no arco superior ou inferior!!

A diferença no cálculo do arco superior e inferior é que no superior somamos 11 mm e no inferior somaremos 10,5 mm.

Vantagens:

  • Método simples;
  • Permite resultado imediato;
  • Não há necessidade de radiografia;
  • Não possui custo para realização de exame complementar;

Espaço requerido (E.R.)

A partir de agora, entendendo que o Espaço Requerido é o somatório de todos os dentes permanentes anteriores ao primeiro molar permanente, é só somar o tamanho dos dentes presentes e o tamanho dos dentes estimados.

Portanto, o cálculo ficará assim:

Tamanho dos 4 incisivos (superiores ou inferiores) + tamanho estimado de Caninos e PM (sup ou inf de acordo com a fórmula) + tamanho estimado de Caninos e PM do outro hemiarco).

manejo de espaço dentição mista

Análise da dentição mista na prática clínica

 

Atualmente, na minha prática clínica, confesso que não realizo a análise da dentição mista em todos os pacientes, mas faço com bastante frequência. Calcular a discrepância de modelos (diferença entre espaço presente e espaço requerido) me auxilia na conduta terapêutica pois me ajuda a entender se a intervenção será ou não necessária, principalmente em casos como este aqui abaixo.

Apinhamento dentição mista

No caso acima, é possível observar que o paciente aos 7 anos de idade apresentava apinhamento moderado entre os incisivos. Nessas situações por um momento o profissional pode pensar na necessidade de um aparelho expansor. Mas ao realizar a análise da dentição mista foi possível observar que a discrepância de modelos era 0, ou seja, a diferença entre o espaço presente e o espaço requerido era nula. Isso quer dizer que apesar do apinhamento presente os dentes decíduos também eram grandes e estavam ocupando bastante espaço no arco.

Considerando que haverá uma sobre de espaço na esfoliação dos segundo molares decíduos a conduta terapêutica adequada é a instalação de um arco lingual e não uso de aparelhos expansores com o objetivo de obter espaço no arco.

Em um próximo post vou falar um pouquinho mais sobre o uso do arco lingual e a conduta terapêutica diante da discrepância de modelos igual a zero.

Bons estudos!


Você sabe qual a conduta clínica diante da anquilose de molares decíduos?

Juliana Pereira Andriani

Especialista em Ortodontia e Ortopedia dos Maxilares – UFSC
Mestre em Ortodontia – UFSC
Doutoranda em Odontologia – UFSC
Ortodontista clínica – Integre Odontologia – Florianopólis
Profa. Ortodontia e Ortopedia – ABCD/Florianopólis
Profa. Ortodontia e Ortopedia Academia da Odontologia
Founder Academia da Odontologia
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