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Análise da dentição mista: discrepância negativa, o que fazer?

Já conversamos em outros blogs sobre a importância da análise da dentição mista e como realizar o cálculo da discrepância de modelo. No blog de hoje vamos conversar sobre estratégias clínicas diante da discrepância de modelo negativa.   

Discrepância de modelo negativa

Discrepância negativa até -2mm

Discrepância negativa entre -2 e -7mm

Discrepância negativa menor ou igual a -7mm

 

Discrepância de modelo negativa

  Postei nas últimas semanas outros textos falando sobre os conceitos e importância da análise da dentição mista para o tratamento ortodôntico interceptativo. Para quem quiser revisar os outros conteúdos e ler um pouquinho mais vou deixar aqui embaixo os links para os outros posts. Por que fazer análise da dentição mista? Como fazer a análise da dentição mista? Análise da dentição mista: discrepância nula, o que fazer? Análise da dentição mista: discrepância positiva, o que fazer?   Na grande maioria das vezes o clínico associa o apinhamento anterior inferior na dentição mista a falta de espaço no arco, o que de fato não é verdade. Gianelly, em 1995, escreveu um artigo sobre o apinhamento na dentição mista afirmando que apinhamento entre 4 e 5mm normalmente são resolvidos com a manutenção do “espaço E”. A grande questão é que há uma falta de espaço na região anterior do arco, até mesmo pela característica de crescimento em “V” da mandíbula, já que a região da sínfise não cresce em largura após a irrupção dos dentes decíduos. Essa região só remodela e por isso, mesmo o espaço para a irrupção dos dentes permanentes é limitado e é por isso que costumo utilizar um paquímetro manual para me ajudar nessa percepção de espaço. Link para quem quiser adquirir o paquímetro paquímetro   A discrepância negativa vai ocorrer nos casos em que o espaço requerido é maior que o espaço presente no arco. Partindo do ponto de que o arco não irá crescer da mesial do primeiro molar para anterior, irá somente remodelar, a partir do momento que estamos diante de uma discrepância de modelo negativa será necessário pensar em alguma forma de obter espaço no arco.   Bom, antes de conversarmos sobre as alternativas para obtenção de espaço no arco inferior é preciso entender que a estratégia clínica vai depender do quanto está faltando espaço no arco. Na prática costumo dividir a discrepância de modelo em 3 grupos:  
  • Discrepância negativa até -2mm
  • Discrepância negativa entre -2 e -7mm
  • Discrepância negativa menor ou igual a -7mm

Discrepância negativa até -2mm

  Já conversamos em outro post de blog que costumo considerar discrepância de modelo entre -2 e +2mm como discrepância nula. Isso porque entendo que o cálculo da discrepância não é exato, sendo importante refazê-lo no segundo período transitório. Sendo que diante desse resultado costumo instalar um mantenedor de espaço tipo arco lingual. Por isso vou deixar aqui para o link do blog em que conversamos sobre isso para quem quiser dar uma conferida. Análise da dentição mista: discrepância nula, o que fazer?  

Discrepância negativa entre -2 e -7mm

  Bom, esses são os casos em que me preocupo com a obtenção de espaço ainda na dentição mista. De maneira geral há 4 formas de obtenção de espaço: projeção de incisivos, expansão do arco, distalização de dentes e redução do volume dentário (desgaste ou exodontia). Quando falamos de um paciente em dentição mista, a redução do volume dentário ou exodontia será conduzida em um número muito pequeno de casos, diria até que menos de 1% dos casos. Essas situações clínicas normalmente são aquelas em que houve perda precoce de dentes decíduos e mesialização importante do primeiro molar permanente. Portanto, nos resta aqui 3 opções clínicas: projeção de incisivos, expansão do arco e distalização de dentes. A distalização de dentes nessa fase é um procedimento crítico, pois na fase de dentição mista ainda não temos a presença do segundo molar permanente e a distalização do primeiro molar pode implicar em impacção do segundo. O que podemos considerar nessa fase é a verticalização do primeiro molar como forma de obter até 2,5mm de espaço no arco. Para tal, costumamos usar uma placa lábio-ativa (P.L.A.). Esse tipo de dispositivo contribui para essa verticalização do primeiro molar permanente. p.L.A.  Se você quiser saber um pouquinho mais sobre o uso da PLA, suas indicações e o passo a passo da instalação sugiro que você verifique o portal do aluno Orthoped. Lá tem um ebook e algumas aulas sobre esse conteúdo. Ser aluno da Orthopedlearning é uma boa alternativa para se manter atualizado em tudo que é preciso saber para intervenções ortodônticas e ortopédicas no paciente infantil.   Clique aqui para saber mais sobre a Orthopedlearning A projeção de incisivos também é uma alternativa para obtenção de espaço no arco. Como regra geral podemos considerar que a cada 1 mm de projeção dos incisivos inferiores obtem-se cerca de 0,8mm de espaço no arco.  A projeção de incisivos pode ser realizada através do uso de uma P.L.A. Costumo usar esse tipo de dispositivo quando o paciente apresenta interposição labial. Nessas situações clínicas o uso de um escudo labial ou P.L.A. permite que a língua contribua para a projeção de incisivos espontaneamente. Uma outra alternativa para a projeção de incisivos é pensar em dispositivos removíveis com molas digitais, alinhadores ou mesmo em aparelho corretivo fixo parcial. mecaninca 4x2 Importante é saber que a projeção de incisivos deve ser realizada com cautela. Não devemos projetar dentes além dos limites da tábua óssea vestibular. Portanto, ao optar por alguma alternativa para projetar incisivos no arco inferior observe a inclinação do incisivo inferior através de medidas cefalométricas como o 1.NB ou IMPA. Além da projeção de incisivos e verticalização molar, a outra alternativa para obtenção de espaço no arco pode ser a expansão do arco. Apesar do arco inferior não apresentar sutura e portanto, apresenta limitação na expansão do arco, essa pode ser uma boa alternativa de tratamento. A expansão dentoalveolar do arco inferior consiste na verticalização dos dentes. De acordo com McNamara, o uso de um dispositivo expansor removível no arco inferior pode resultar em obtenção de até 3,8 mm de espaço no arco quando associado à expansão rápida da maxila. Gosto bastante de associar a expansão inferior com a expansão rápida da maxila. A verticalização dos dentes posteriores otimiza os efeitos da expansão superior e permite melhor relação entre os arcos. schwarz Já fiz um outro post de blog falando um pouquinho sobre a placa de Schwarz (expansor removível) associado à expansão rápida da maxila. Aproveito para deixar o link aqui para quem se interessar. Por que a placa de Schwarz deve ser utilizada antes da expansão rápida da maxila?  

Discrepância negativa menor ou igual a -7mm

  Para finalizar, vamos falar sobre a discrepância menor ou igual a -7mm. Esses são os casos em que as exodontias se fazem necessárias. E, se tratando de paciente na dentição mista, é preciso ter muita cautela ao indicar esse tipo de procedimento, já que a análise da dentição mista não é um cálculo preciso. Nessas situações clínicas a conduta de exodontia está baseada em extrações seriadas.  O objetivo desse procedimento é antecipar a irrupção do primeiro pré-molar permanente a fim de indicar sua extração precoce e permitir que os dentes possam se posicionar no arco minimizando o tempo de tratamento ortodôntico corretivo. Reforço que esse não é um procedimento clínico comum e sua indicação será realizada em poucos pacientes. Espero que você tenha compreendido um pouco melhor a conduta terapêutica diante da discrepância negativa na dentição mista. Claro que uma série de fatores irão determinar o tipo de dispositivo e não somente o cálculo da discrepância. Porém, de qualquer forma, calcular a discrepância de modelos vai nos dar base para a conduta mais adequada.   Obrigada por me acompanhar até aqui!   Bons estudos!  

Juliana Pereira Andriani

Especialista em Ortodontia e Ortopedia dos Maxilares – UFSC
Mestre em Ortodontia – UFSC
Doutoranda em Odontologia – UFSC
Ortodontista clínica – Integre Odontologia – Florianopólis
Profa. Ortodontia e Ortopedia – ABCD/Florianopólis
Profa. Ortodontia e Ortopedia Academia da Odontologia
Founder Academia da Odontologia
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