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Impacção do Primeiro Molar Permanente

Certamente se você é odontopediatra ou ortodontista que atende o público infantil, você já se deparou com algum caso de impacção do primeiro molar permanente no arco superior. Se você ainda não ainda não diagnosticou a impacção do primeiro molar permanente tem duas possibilidades…ou você não atende muita criança no primeiro período transitório ou só viu seu paciente após a perda precoce do segundo molar decíduo e nem chegou a diagnosticar a impacção. E aí? Sabe como conduzir nessas situações clínicas?


Como definir a impacção do primeiro molar permanente?


A impacção dentária ocorre quando algum obstáculo impede o processo eruptivo do dente por completo. O folículo pericoronário que circunda a coroa de dentes inclusos é rico em EGF (Fator de Crescimento Epidérmico). O EGF é um dos mediadores que se destacam por estimular a reabsorção de tecidos mineralizados, resultando em reabsorção óssea e dentária propriamente dita. Porém ao se deparar com a estrutura de esmalte dentário, o processo de reabsorção paralisa neste ponto, pois não é possível a reabsorção do esmalte dentário. Portanto, nessas situações o dente pára o seu processo eruptivo e fica IMPACTADO (Figura 01).


Como diagnosticar a impacção do primeiro molar permanente?


Imagem clinica da impacção do primeiro molar permanente
Figura 01 – Dente 26 impactado na distal do dente 65.

Vamos deixar isso mais claro…..clinicamente, o que se observa é a irrupção somente da porção distal do primeiro molar permanente. Vamos ver a imagem ao lado (Figura 01)…clinicamente é possível ver que a porção mesial está “escondida” pelo segundo molar decíduo.

Porém, apesar da característica clínica, o diagnóstico definitivo da impacção do primeiro molar permanente será realizado clinica e radiograficamente (Figura 02). O exame clínico é fundamental e indica um atraso na irrupção do primeiro molar permanente, porém o diagnóstico definitivo da impacção será determinado pelo exame radiográfico. E, portanto, diante das características clínicas e radiográficas iremos determinar a característica da impacção e a conduta terapêutica mais adequada.

Em situações como essas podemos optar simplesmente pelo acompanhamento clínico, pela instalação de um dispositivo ortodôntico ou mesmo pela exodontia do dente decíduo e instalação de um mantenedor de espaço.

Figura 02 – Corte de radiografia panorâmica mostrando a impacção do dente 26 na crista distal de esmalte do dente 65.

De maneira geral, em situações clínicas em que a reabsorção do segundo molar decíduo compromete a porção de cemento e esmalte, a impacção tende a ser reversível, não havendo necessidade de intervenção ortodôntica. Contudo, se a reabsorção do segundo molar decíduo abranger a porção pulpar, a impacção tende a ser irreversível, sendo necessário a instalação de algum tipo de dispositivo ortodôntico para corrigir a rota do primeiro molar permanente.

E quando a exo do segundo molar decíduo será indicada? Somente em última situação, quando a condição clínica condenar esse dente (abscesso, mobilidade muito acentuada ou dor) e não simplesmente pela sua reabsorção.


Qual o fator etiológico associado à impacção do primeiro molar permanente?


A ectopia do primeiro molar superior (alteração de rota) é considerada como uma alteração de origem multifatorial, podendo citar os seguintes fatores etiológicos:

  • Discrepância dente-arco negativa – falta de espaço no arco para comodar os dentes irrompidos;
  • Maxila retrognata – Maxila mais posterior em relação à base do crânio;
  • Largura do primeiro molar permanente;
  • Tamanho do segundo molar decíduo;
  • Atraso na cronologia de formação óssea na túber em relação à mineralização do primeiro molar permanente;
  • Inclinação excessiva do primeiro molar;
  • Crescimento insuficiente na túber;
  • Fatores genéticos (hereditários) – associados à distúrbios (alterações na rota irruptiva do primeiro molar permanente).

E o porque de entender a etiologia? Simplesmente porque ao entender que a impacção do primeiro molar permanente pode ser uma expressão genética, podemos reforçar a importância de acompanhar a mesma característica em crianças da mesma família e assim realizar a intervenção no momento adequado, evitando a perda precoce do segundo molar decíduo.

De acordo com Bjerklin K et al anomalias dentárias como ectopia do primeiro molar permanente, infraoclusão de molares decíduos, agenesias de segundos pré-molares e ectopia dos caninos superiores permanentes apresentam uma origem genética comum, sugerindo que a presença de uma dessas alterações aumenta em cerca de 20% a probabilidade da presença de uma segunda anomalia entre essas citadas. Ou seja, conseguimos entender que a impacção do primeiro molar permanente é um fator de risco para que outras alterações também estejam presentes durante o desenvolvimento da oclusão dessa mesma criança ou de familiares.

Portanto, um primeiro molar permanente impactado não deve ser visto apenas como um fato isolado. É preciso identificarmos os fatores etiológicos provavelmente envolvidos nessa alteração, assim como identificar as características clínicas e radiográficas para somente assim definirmos o prognóstico e a conduta terapêutica mais adequada.

Ou você achou que era simplesmente um dente com falta de espaço para irromper?

http://orthopedlearning.com.br

Juliana Pereira Andriani

Especialista em Ortodontia e Ortopedia dos Maxilares – UFSC
Mestre em Ortodontia – UFSC
Doutoranda em Odontologia – UFSC
Ortodontista clínica – Integre Odontologia – Florianopólis
Profa. Ortodontia e Ortopedia – ABCD/Florianopólis
Profa. Ortodontia e Ortopedia Academia da Odontologia
Founder Academia da Odontologia
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