Volta e meia me deparo com essa questão…”Profa, por que devemos fazer a análise da dentição mista se o paciente vai crescer?”…ou então…”A análise da dentição mista não é coisa ultrapassada?”….vamos entender um pouco melhor esse assunto no blog de hoje.
O que é análise da dentição mista?
Por que fazer a análise da dentição mista?
Qual o objetivo da análise da dentição mista?
O que é análise da dentição mista?
Sabemos que a irregularidade entre os incisivos é comum na dentição mista (Imagem 1), o que aflige grande parte dos pais ou mesmo profissionais que atendem crianças. Será que precisamos tratar o apinhamento já nessa fase?
Imagem 1: Apinhamento anterior inferior na dentição mista.
De maneira geral, apinhamento de 4 a 5 mm na dentição mista podem ser corrigidos com a sobra de espaço na troca entre os caninos e molares decíduos pelos caninos e PM (Gianelly, 1995). Isso ocorre principalmente pela diferença de tamanho entre o segundo molar decíduo inferior e o segundo pré-molar inferior (chamado de espaço E).
Portanto, a análise da dentição mista serve para estimar o tamanho de caninos e pré-molares baseado no tamanho dos incisivos permanentes, já que os dentes permanentes possuem a mesma origem embrionária e apresentam proporção de tamanho entre si.
Por que fazer a análise da dentição mista?
A análise da dentição mista auxilia o clínico a estimar a quantidade de espaço disponível para irrupção dos dentes permanentes, auxiliando assim na conduta terapêutica mais adequada.
A análise da dentição mista é possível pelos seguintes aspectos:
- O osso mandibular não apresenta sutura e seu crescimento transversal (em largura) é limitado. O crescimento em largura da mandíbula ocorre às custas de remodelação óssea e portanto, não é muito significativo.
- O crescimento mandibular irá ocorrer distal ao primeiro molar permanente. Isso porque a mandíbula cresce em “V” e a região da sínfise (anterior) se mantém constante em tamanho. Portanto, podemos medir o espaço disponível para os dentes permanentes no arco já nessa fase da dentição mista.
- Os dentes permanentes possuem origem na mesma lâmina dentária e portanto, apresentam proporção entre si. Por isso é possível estimar o tamanho dos caninos e PM inclusos a partir do tamanho dos incisivos.
Diante do que conversamos até aqui, é possível entender que a análise da dentição mista, apesar de ser uma estimativa, é uma forma viável de predizer o espaço disponível e planejar a conduta terapêutica, mesmo sabendo que nem todos os dentes permanentes estão presentes no arco nessa fase.
Qual o objetivo da análise da dentição mista?
Afinal, qual o objetivo da análise da dentição mista? O objetivo da análise é estimar o tamanho de pré-molares e caninos permanentes por algum método de predição ou estimativa baseado no tamanho dos dentes presentes no arco.
A análise da dentição mista é realizada tendo como base o espaço presente (disponível no arco) e o espaço requerido (previsto) para irrupção dos dentes permanentes com a ajuda de um paquímetro.
Já aproveito para deixar aqui o link do paquímetro que costumo utilizar.
Ao realizar a análise da dentição mista, o profissional tem mais segurança para definir sua conduta terapêutica, evitando tratamentos com dispositivos expansores, muitas vezes desnecessários para alinhamentos dos dentes no arco.
Em muitos casos temos indicação para uso de aparelhos expansores fixos ou removíveis ainda na dentição mista e quem me conhece sabe que costumo utilizar muito esses dispositivos no arco superior e inferior. Porém, o objetivo do uso do expansor vai além da falta de espaço, podendo ser indicado por outros motivos como atresia do arco propriamente dito e não apinhamento por si só. A grande questão é ter certeza do porquê estamos indicando determinado tipo de tratamento. Afinal, somos responsáveis por indicar ou não um determinado procedimento!!
No próximo post vou apresentar para você como costumo fazer o método de predição na minha prática clínica de uma forma rápida e simples.
Bons estudos!